quarta-feira, junho 28, 2006

Uma reflexão sobre o contexto atual de PPJ.

O Plano Nacional de Juventude, de toda a correria sobre as questões de juventude que viraram coqueluche dos movimentos sociais aqui no Brasil, pra mim é o menos emergencial, quanto mais tempo tiver para sair, melhor, até porque precisamos discuti-lo mais. Quem quer pressa não quer legitimidade ou não está preocupado com qualidade da legislação que está por vir. Pois depois de aprovado, pior ainda será para fazer alguma modificação... mudar legislação aqui no Brasil é muito mais lento que criar.

A sociedade precisa primeiro reconhecer a necessidade das políticas públicas para a juventude tão apontada por algumas ONGs ( diga-se que muitas com trabalhos antes só centrados no ECA). É necessário também gestores públicos realizar uma política reconhecendo que fazer para um público maior de 16 anos é na verdade dar oportunidade a estes de serem co-responsáveis, oportunidade é a palavra chave, então nada de oferecer festival de juventude quando não insere o jovem produtor, não insere a banda que está querendo a oportunidade de se profissionalizar, de ter um público, de se inserir no mercado. Não se deve oferecer a banda da mídia para a galera assitir, mas dar o palco para as novas bandas e novos produtores locais... repito: fazer política pública para a juventude é oferecer oportunidades. O jovem precisa de primeiro emprego, inserção na universidade, precisa de ser empreendedor e precisa de um primeiro palco tb... é isto. O Pro-jovem por exemplo é algo que o Ministério da Educação poderia fazer... pelo menos dessa forma que é executado. É caótica a série de atrapalhos que houveram na implantação do Pro-Jovem aqui no Recife. As vezes me pergunto se a Secretaria Nacional de Juventude toma conhecimento disto. Se bem que nem importa tanto quando em entrevista a Regina Novaes ( secretária adjunta) afirma que o atrativo dos jovens ao Programa não é pelo valor dos 100 reais oferecidos mensalmente até porque é um valor irrisório e sim pelo conteúdos das matérias e pela oportunidade de estar adquirindo saberes que poderão utilizar no trabalho próximo! Que é qué isso! Os jovens em situação de miserabilidade deste país estão loucos para receber 100 paus todo mês! Tira este 100 reais pra ver quantos vão permanecre neste Pro-Jovem que tem aula de informática sem computadores!

Os movimentos sociais esperam muito do governo Lula. É como se a gestão dele não estivesse no fim, mas ainda para começar. Talvez por isso tão pouco silêncio, tão pouca manisfestação nas ruas, tanta tolerância com os programas que estão funcionando com tantas dificuldades ( Cultura Viva, Consórcio Social da Juventude... e em parceria com os movimentos sociais!!!).

Como ainda não existe nos governos ( municipais, estaduais e federal) um recurso próprio para a juventude, é importante que se faça uma coordenadoria de juventude que esteja diretamente subordinada ao gabinete de governo, pois dessa forma ela pode de fato praticar suas ações com o caráter intersetorial que as necessidades juvenis indicam, dialogando com as diversas secretarias de um determinado governo. Ótimo que no Recife exista esta Coordenadoria de Juventude, mas seria melhor ainda que ela não estivesse na Secretaria de Direitos Humanos, mas sim no próprio Gabinete de João Paulo. Talvez isto fizesse uma significativa diferença. O papel dessa coordenadoria, além de dialogar com as diversas secretarias agregando os programas de juventudes, é tb organizar informações sobre estas ações e mobilizar os jovens para a otimizção dos recursos dessas diversas secretarias através de um canal de participação, que devem ser os conselhos e tb as ouvidorias juvenis.

É incrível como as coisas estão ainda emperradas aqui no Recife, as mesmas pessoas e organizações que discutem sobre juventude na hora de pôr em prática as vezes fazem tudo às avessas. A Casa da Juventude, por exemplo, deveria não ser alugada por apenas o período do Consórcio, mas ser uma parceria com o governo local, com a prefeitura do Recife, ou com o governo do estado. Mas é preciso que as próprias entidades executoras coloquem nas cabeças delas que a Casa da Juventude não é apenas um meio para o funcionamento do Consórcio, é uma meta deste! Ou seja: o Consórcio acaba e a Casa deve continuar, pois a expectativa do programa além de inserir o jovem no mercado de trabalho é IMPLANTAR a Casa da Juventude. Na gestão anterior tivemos uma forte e rica experiência, fazendo-a funcionar por 4 meses independente de recurso público. Se é para ser uma meta para a inserção social do jovem e para ser uma referência das políticas de juventude locais, teria que dar a continuidade da ampla relação com os movimentos juvenis como na gestão anterior. Sabe o que acontece? Existe um coletivo de jovens que trabalham como produtores de vídeo, o Gambiarra, que antigamente atuavam na Casa da Juventude, eles tinham lá uma salinha com uma Ilha de Edição e que agora estão sob o teto de uma ONG parceira deles, pois eles perderam sua sala de produção existente na Casa, o governo e nem as ONGs garantiram a continuidade do grupo, que só tinham a contribuir com a própria Casa. Hj as reuniões do Fórum acontecem lá, mas não existe uma apropriação do Fórum do próprio espaço... não existe o reconhecimento de que a Casa também é do Fórum. Caracterizamos políticas de juventude se houver participação política do próprio jovem, este negócio de jovem atendido ( pra saúde, lazer, educação, inserção no mercado de trabalho) não existe... se o jovem só é atendido, de forma passiva, ele não é um indivíduo que está na preparação de sua vida adulta ou autônoma, ele é um indivíduo tratado como uma criança, um ser heterônomo. Queremos uma política para além dos 18 anos com as necessidades de quem tem 18 anos, Não estamos lutando para o ECA ser agora para os cidadãos de até 24 ou 29 anos e sim para existir um estatuto próprio da Juventude, então eu digo: que a Casa da Juventude não seja apenas para o Consórcio, isto é perda de recurso público, isto é uma política sem integração, isto é no mínimo ignorância. Espero que a Secretaria de Direitos Humanos comecem a ver o que existe de acúmulo nas discussãos sobre o que são centros de referência da Juventude, no Projeto Juventude tá lá escrito!

Acredito que a Cidade do Cabo de Santo Agostinho, tenha um enorme potencial para ser uma das referências das políticas de juventude em nosso estado e também país. O Centro Jovem de lá (cuja construção foi realizada por uma ONG que atua na cidade, a Plan International Brasil) já é assumido pela prefeitura numa ação que envolve diferentes secretarias e a tendência é aumentar o número de secretarias dentro da ação. Existem alguns problemas de gestão do Centro que devem ser rapidamente resolvidos, é só a prefeitura sensibilizar-se com o caráter experimentalista que a juventude tem de realizar as coisas e dessa forma garantir a co-participação na administração do Centro , assim como ter sua coordenadoria representada por alguém que entenda de Política de Juventude e que consiga dialogar com a juventude local. Lá existem jovens que atuam na cidade intervindo diretamente na ações sociais e que estão numa expectativa muito grande de um canal de diálogo mais direto com a prefeitura... se faz necessário a existência dessa coordenadoria de juventude e desse conselho. Com certeza os jovens de lá ainda este ano vão dialogar muito com a prefeitura e a câmara para dar início aos procedimentos necessários à construção dessas instâncias. Imagine o Cabo saindo na frente em relação ao Recife e Olinda em termos de PPJ? E olhe que a prefeitura do Cabo nem petista é!

Este exemplo do Cabo é uma tendência que acontece atualmente no país inteiro, em diversas cidades! O político que não está antenado com isso, com certeza está perdido no tempo. Mas o mais importante de tudo é que na hora de fazer, pensem bem para quem tá fazendo, chamem a juventude participativa para o diálogo, saibam bem quem é o público, fazer política de juventude só no nome é total picaretagem. ONGs e gestores públicos precisam refletir sobre isso. Quantas e quantas coisas são feitas para a juventude e a mesma não se interessa em participar, é como dar o presente errado para o seu filho, o cara não vai curtir, não vai usar a não ser por chantagem ou premiação. As vezes vc vê um monte de jovens ao redor de uma ação social que eles não estão afim de fato, mas pq eles estão ali? As vezes é por um prato de comida ou até mesmo por um passeio, para conhecer gente nova ou até mesmo só para sair da rotina e não é pq ele é alienado politicamente, é porque tá sendo oferecida a coisa errada para ele!

As ações de Políticas de Juventude neste país ainda precisam começar de fato, para mim só irão começar quando a Juventude participativa for respeitada e ter seu lugar de contribuição garantido.

terça-feira, junho 27, 2006

Shhh!!! Exposição!

Aí galera, o texto abaixo chegou até meu e-mail e é sobre uma exposição que ainda irei ver...
"Shhh!!!" é a onomatopéia que intitula a proposta curatorial de uma exposição dos artistas plásticos Diogo Todé, Flávia Giroflai, Glatt Farry e Lia Letícia. O coletivo de obras tangencia as técnicas utilizadas comumentenas grandes cidades com o intuito de conquistar, persuadir o público;técnica de convencer o interlocutor através da oratória e do discursovisual. Placas de trânsito, propagandas, logomarcas, tabelas de preços,remetem a uma imposição do comportamento humano e seus limites demanipulação de idéias.
Palavra dos artistas:

Segunda, 0h – Tijolos, reboco, tinta (a primeira branca, por anos. A segundarosa,...) Várias sucessões das mais variadas formas de sujeira, cartazesnovos e antigos e pouco espaço livre, sonhos comprados e roubados. Amulticapacidade humana de manejar seus espaços.

Quarta 2h30min – "Esta é umaobra de ficção, qualquer semelhança é mera coincidência". Foi o aviso que lina novela das sete. Corpos esculturais, negociados à dólares e euros! Estilode vida com comportamentos subumanos. Atitude, querida, estamos na moda!

Segunda, 07h35min – Andar por aí exige certo grau de ignorância (digo, detodos os tipos de informações oferecidas). Pois do contrário iria pirar,tipo sair correndo gritando. A cidade está virando uma pessoa que não párade falar.

Terça, 9h – Árvores eram alugadas e vendidas. [e agora? Prédios,caixas de gente; casas nas árvores; onde iam ficar?]

Segunda, 13h – O óbvionão se discute, se relata (interzona da narrativa, mediocrização (sic) dobop).

Quinta 16h15min – Com tantas coisas pelas ruas, disputando atenções,uma placa de trânsito, desesperada, grita,hei, se liga! Quer morrer? Asoutras estão espalhadas por todos os lugares gritando suas imagens.

Quinta23h – Saltou ainda no movimento da linha 135. Uma cambaleada na calçada docentro, mais um cheiro no pote. O moleque arrancou um cartaz da parede. Coma parte mais grossa criou um estrado ali mesmo, abaixo da marquise de umgrande prédio. Andou mais um pouco. Puxou outro pedaço de papel, voltou e secobriu.

Segunda, 23h55min – No caminho das ruas cheias de carrosestacionados ou que passam rápidos, também tem velhas casas protegidas porgrades de ferro. As grades às vezes são detalhadas e retorcidas, outras detão velhas, enferrujadas e quase destruídas parecem não proteger mais nada ea maioria delas são mesmo verdadeiras prisões. Domingo, 23h59min – "A portade casa; a porta de casa... é serventia da rua".

Abertura: 29 de junho às 19 horasVisitação: 29 de junho a 29 de julho.
Fone: 32324276 Fax: 32324255 murillolagreca@gmail.com

sábado, junho 24, 2006

The dark side of the Manguetown

Estive conversando por estes dias com um amigo, o André Teles, que por sinal tem um blog bem legal e bastante poético (o www.apartamento902.blogspot.com ) , sobre a musicalidade das bandas de Pernambuco que fazem misturas do mundo do rock com o regionalismo. Falei o quanto nada significava para mim o côco de D. Selma durante os anos que eu passava na frente da casa dela pedindo licença às pessoas para seguir meu caminho: geralmente algum lugar na cidade alta onde rolava alguma coisa da MPB como o João Bosco ou algum som new wave tipo Blitz ou um Talking Heads.
Bem, muitos dos meus amigos da periferia que curtiam música, começaram escutando o que rolava na rádio e na TV mesmo, não existia outro acesso... mas depois fomos crescendo, adquirindo os discos ( eu comprava os LPs sem nem ter equipamento de som, comprava fita cassete para escutar em toca-fita emprestado, era assim) . mas o interesse por música foi crescendo, crescendo e a medida que íamos conhecendo novos sons íamos ficando mais exigente, mais seletivo... coisa bem natural de acontecer, o ouvido vai se educando, vai conhecendo... e nossas mentes vão desejando informações novas e mais comoventes e envolventes também...
E eu continuava passando pelo coco de D. Selma sem nem prestar atenção...
Cada época ia conhecendo e se interessando por novas coisas: música erudita, punk rock, psicodelia, jazz, blues, funk, soul, reggae... o que caísse na rede era peixe... e alguns dos artistas que ía escutando ia ficando em minha mente, em meus gostos e outros iam passando, sendo esquecidos , descartados...
Continuava passando na frente da casa de D. Selma do coco sem perceber qualquer movimentação que me chamasse atenção, eram sempre as mesmas pessoas que dançavam lá o côco na rua mesmo, em frente a sua casa.
Surgiu o movimento mangue, eu já tava na istiga de tocar, já tinha estudado em um conservatório, já tava com minha banda punk formada ensaiando no estúdio de Li ( ou seria Lee) lá na Mangabeira ( Devotos do Ódio tb ensaiava lá e Canibal tinha cabelo curto!).
Eu, que das bandas daqui só curtia Arame Farpado, Realidade Encoberta, Academia do Medo, Devotos do Ódio, Subnarcose, The Dreadfull Boys, e The Headsbacon e Suas Acerolas Explosivas, Câmbio Negro HC, Marijuana, estas coisinhas assim bem distante de regionalismos, fui um dia ver ao show do Chico Science... que nesta época ia abrir ao show daquela outra banda que eu gostava muito e fazia covers do Pixies... hummm... a Eddie! Era isso, o Chico ia abrir para a Eddie e eu ia curtir muito qualquer música do Pixies que a Eddie tocasse!
Nesta época minha nova banda também estava se formando ( a Garapa Nervosa).
E sabe o que vi? Uma banda que fazia um som massa, que tinha tudo a ver com as coisas mais legais que eu já tinha escutado no rock brasileiro: o disco "Psicoacústica" do Ira! Os "3 Lugares Diferentes" do Fellini e "Supercarioca" do Picassos Falsos, discos que eu tinha em casa que era uma ds grandes curtições da galera "alternativa" ou dark do Recife na época... uma grande referência... e os caras faziam um som assim! Era, era a Chico Science e Nação Zumbi trazendo para o Recife o som mais underground que se fazia no eixo Rio-São Paulo! E isso sem falar da grande influência que os caras tinham também das músicas cantadas nas rodas de break que eu costumava ver na Dantas Barreto, centrão da cidade!
E tudo isso somado às batidas do Daruê Malungo que faziam um bom samba-reggae... iguais aos do mara-mara-mara-maravilha-ê-egito-egito-ês que ocuparam as ondas do rádio alguns anos antes... Que doidera hem?
Pois é, estranha a grande cara urbana que tinha o mangue e seu manifesto (e que tem até hj) e não ser reconhecida, pois a valorização da mídia e das secretarias de governo tendeu para o lado da cultura regional, que para mim sempre foi bem quista por uma elite social e pelo povo de bairros mais tradicionais que tinha crescido nisso; quem curtiam não eram os jovens de meu bairro, isto eu tenho total certeza... e até hj é assim: existe uma infinidade de jovens em Casa Amarela por exemplo que produzem funk, produzem techno-brega, produzem hc, produzem rap... mas poquíssimos que fazem maracatu, côco... os jovens em sua maioria tá atrás de adquirir uma pick-up ou uma guitarra em vez de rabeca e alfaia... bem, porque então a tão grande valorização do mangue e seu regionalismo em detrimento do seu lado mais urbano que é a maior característica das bandas expoentes do chamado movimento mangue: Nação Zumbi e Mundo Livre S/A ?
Estranho muito estranho...
Mas temos mais elementos, não é a toa a grande relação da sonoridade do movimento mangue com as bandas darks paulistanas... os caras são de uma cidade, que depois de São Paulo, que é a quem mais consumiu Ira! e Fellini em seus momentos mais obscuros, e estas bandas são tão referências para Pernambuco que ambas tocaram no REC-BEAT... o Ira! Veio aqui antes de sua atual ascenção e o Fellini, que tinha acabado, ressuscitou para única apresentação no Recife! Isto sem falar que o Chico e a Nação já no seu segundo disco gravaram Crianças de Domingo ( de uma outra banda com integrantes do Fellini e dos 3 Hombres e a nossa paulistana-meio-recifense Stela Campos)! Ainda no Afrociberdelia tem uma faixa instrumental ( que o meu amigo André sabe bem qual é) que tem um solo de guitarra que é a cara de uma música de um disco que tenho em minha casa dos Stone Roses, banda de Manchester da segunda metade dos anos 80 e que passou a ser uma grande referência psicodélica dentro do mundo "alternativo" . Bem se o segundo disco do Chico & Nação é psicodélico não é estranho que as referências de Lúcio Maia sejam... difícil é a imprensa declarar isso...
O André Teles teve uma idéia: transformar nossa reunião de audição de discos em um vídeo...
Se optarmos em escutar o Supercarioca todinho vamos encontrar nele a Nação Zumbi, o Mundo Livre, o Cordel do Fogo Encantado e até mesmo o Querosene Jacaré! Cada faixa da bolacha era uma fórmula para uma banda recifense dez anos depois.
E que reinventemos mais uma vez, os caranguejos com cérebros não beberam na tropicália: mas no marginal rock oitentista nacional.
Fui.

Eu quero brega e funk no São João do Recife!!

É festa de São João, e neste sábado de madrugada, dia 24 de junho, nada de simples e animado acontecendo na cidade. O que tínhamos? Bem, fui com uma turma para o Poço da Panela, onde lá o São João é bem tradicional, tentamos encontrar um forrozinho pé-de-serra ( tudo bem que eu não sei dançar, mas acho super istigante então consigo muito bem me divertir brincando, tentando uns passinhos vez ou outra...) e chegando lá, quase às 2 da manhã sabe o que encontramos? a festa acabando, o povo indo embora... e ainda por cima tinha uma festa fechada cujo ingresso custava dez reais... mas não tinha quase ninguém lá!!! Absurdo cobrar por um final de festa, eu hem!
Puxamos o carro para o famoso Recife Antigo ( o Bairro do Recife ) e o Arraial da Rua Tomazina (a rua do Bar Burburinho) , tinha um palco com um DJ rolando drum'n'bass e outros ritmos de música eletrônica! nada contra música eletrônica... mas onde será que tinha um forrozinho pé-de-serra ou um baião para se dançar agarradinho na cidade? Difícil de saber, talvez só nos subúrbios tipo Casa Amarela... eita lugar bom de se morar!
Mas o pior mesmo é sabermos que naquele aperto da Rua Tomazina, tinha muita gente lá que nem estava curtindo o lance, mas estava lá por falta de opção, muito adolescentes no lugar mesmo, sem ter pra onde ir, sem dinheiro pra gastar... uma coisa triste de se ver, e o resultado dessa história ( ter um monte de gente lisa, sem estar curtindo um evento e em lugar apertado) é sempre a mesma: tensão e sempre um indício de violência. Na hora de nossa prtida vimos um rapaz sendo perseguido por um bando de outros... se pega já viu, né? Espancamento na certa, saímos assutados e ainda por cima tendo que driblar também os flanelinhas... Definitivamente não dá mais para se divertir no Recife em espaços públicos... a política cultural dessa cidade deveria olhar mais para a diversidade que temos e fazer festa de virar a noite, potencializar as ações também nos subúrbios com uma programação daquilo que o povo gosta ( mesmo que seja da mídia, mesmo o funk, mesmo o brega). Imagino que deve ser muito ruim, pra quem curte música eletrônica e está afim de dançar, ir para uma rua que está rolando um evento, mas ao redor tem um monte de gente assistindo as pessaoas dançarem, sem curtir o estilo e muitas vezes está lá com outros fins: só paquerar, só encher a cara, até mesmo roubar ou arrumar confusão deliberadamente. São pessoas se divertindo em lugares errados por falta de opção.
Mais uma vez a velha história da falta de opção e oportunidade para as pessoas, sobretudo os jovens.
Eu quero meu São João com o forró-pé-de-serra enquanto outros curtem seu funk, seu brega, seu Hardcore, seu rap, seu trance, seu metal... e por aí vai!

sexta-feira, junho 23, 2006

Lar que te quero bar, bar que te quero lar...

Este é um dos dramas.
Um dos sonhos que eu tenho ( e quem é amigo meu sabe disso) é ter um bar, mas não um bar como qualquer outro bar... e na verdade nem seria um bar, um clube talvez. Não, clube não, uma associação de amigos que bebem, conversam, comem, dançam, riem e escutam música comigo, o anfitrião, mas no final todo mundo paga o prejuízo com a faxina, com o custo da bebida, dos gastos com a alimentação, energia elétrica... estas coisas... seria um bar sem fins lucrativos... mas auto-sustentável digamos assim e que só pode frequentar quem é 'brother", quem é limpeza, quem é da área, quem é colega, quem é gente boa, fina elegante e sincera igual a... Erickson Luna!
Bem, mas enquanto eu não tenho este bar as vezes fico pensando em fazer estas intervenções de se escutar música, dançar e conversar em outro lugar, em de repente um bar qualquer. Então quem quiser me dar uma dica de um bar qualquer para a gente intervir nele um pouquinho é só mandar uma mensagem , ok? Ou então entrar na comunidade do orkut "Evandro abra um bar" . Esta comunidade foi criada por Enaile que é uma das minhas amigas e frequentadoras do antigo Garagem 27...
A mesma Enaile é minha musa inspiradora para os nomes dos meus possíveis novos projetos noturnos sonoros: o Dasolindas Songs & Mongs e o Songmongs Records. Vamos ver o que vai rolar com esta coisa.
Uma outra história é um bar que abriu recente na Rua do Lima, em Santo Amaro... estou estudando a possibilidade de botar som lá...
Estive por lá, neste barzinho da Rua do Lima, e que nem sei ainda qual é o nome, na presença de minha grandiosíssima amiga Celina (a melhor DJ que conheço e que hoje em dia é residente de um bar em São Paulo... meu amigos de Sampa, por favor, não façam esta defeita com vcs mesmos... o som é de primeira e a companhia dela é hors concours! Vcs tem que irem pra lá!) e achei o ambiente agradável e dá pra fazer umas festinhas apertadinhas lá... coisa legal, de gente fina elegante e sincera...

quinta-feira, junho 22, 2006

Futebol: gostar ou não gostar... eis a questão!

Engraçado este negócio de Copa do Mundo, faz um monte de gente que não gosta de futebol adorá-lo ao menos temporariamente! Bem daí vc tira o poder da mídia, não é mesmo? Eu além de não gostar de futebol não sou adepto do nacionalismo. Mas obviamente quero que o Brasil seja uma nação mais justa, com uma condição melhor a oferecer para seus residentes... Mas não é com Copa do Mundo que vamos oferecer isto, e já vi que também não é com futebol que vamos oferecer união e paz nesta terrinha - ao menos da forma que este esporte é administrado aqui.
bem , n´~ao quero disc utir agora o surgimento da violência, qual a origem desse atual valor cultural que cada dia mais cresce no Brasil: a atitude violenta. Nem sei se é ao certo um valor cultural ou se é uma imensa epidemia psico-social que tem tomado as mentes das pessoas numa grande onda de inconsciente coletivo.
Não quero falar disso agora, mas sim do meu envolvimento com Copa do Mundo. Quando eu era adolescente fiquei bem vidrado com uma copa ( acho que a de 86), e nesta época eu tinha apenas 12 anos, já curtia muita música e estava super vidrado com as informações que iam aparecendo na televisão... bem, esta foi a única vez em minha vida que eu acompanhei uma Copa do Mundo e , talvez para a felicidade de minha emancipação de uma possível alienação, o Brasil perdeu numa final decidida à pênaltis, eu fiquei super triste, era são João, fui ao São João de Paulista ( cidade vizinha que nesta época a festa junina de lá era uma das referências do estado) e chorei qd num show de fafá de Belém ela cantou o Hino Nacional Brasileiro naquele estilo bem de despedida de Tancredo Neves!!! Podem rir, eu deixo. Mas eu estava super comovido com as perdas de meu país: a morte do presidente que era símbolo de uma abertura democrática no país e a perda do Brasil de Zico na Copa.
Quatro anos depois, sem perigo: eu tinha 16 anos, já era um anarquista e estava totalmente envolvido com o movimento punk local. Então eu já percebia o que existia por trás do futebol; não do esporte em si, não do seu valor cultural, que eu acho belo, mas da sua relação econômica, a relação capitalista, a manipulação que se fazia com esta paixão nacional para a alienação de seu próprio povo. era isso, futebol para mim passou longe durante muito e muito tempo.
Hoje sou um matemático e adoro ver as relações que existem de probabilidades dos jogos, a situação das seleções, os pontos e os lugares que ocupam para as futuras partidas ( oitava-de-final, quartas-de-final...), mas só quero saber do jogo depois que acaba e todo mundo já sabe o resultado, e fico torcendo para que as minhas previsões dêem certo... quem sabe um dia eu aposto e ganho uma grana? Não, não me pergunte nada sobre os jogadores, só sei o nome de dois na seleção brasileira: Ronaldinho e Ronaldinho. Não assito aos jogos, não gosto mesmo de futebol e não tenho nada contra uma pelada na rua, não tenho nada contra a prática deste esporte . Inclusive achava lindo a paixão que meu sobrinho tinha pelo futebol e torcia para que um dia ele alcançasse o sonho dele em virar um jogador profissional... ele ao menos se dedicava a isso!.
Mas nem gosto de futebol ( não me imagino jogando e nem gosto de assistir a uma partida, não me faz sentido, talvez seja como se eu estivesse assistindo um documentário japonês com legenda em islandês sobre reprodução celular) e sou racionalmente contra esta relação de adoração que se tem por ele, esta relação de heroísmo que se dá aos jogadores, esta prática de tudo parar, de largarmos mais cedo do trabalho por causa do jogo, e de esquecermos todos os nossos problemas sociais por causa dele... gostar de futebol , é torcer por ele, querer que ele fique bem, que ele seja justo e menos violento, que não represente uma degradação e alienação da humanidade, é torcer para que se vença quem melhor jogar... independente de time ou seleção. Eu acho que eu gosto definitivamente de futebol, mas sem assitir e sem jogar e sem torcer por seleção alguma.
Bem, mas a culpa não é do futebol nem pela alegria e nem pela infelicidade da nação...
Uma outra relação que eu tenho com o futebol é ler vez ou outra o Blog da Soninha, não pelo futebol em si, mas pela sua sensibilidade e teor crítico diante de muitas coisas, Soninha é uma das maiores argumentadoras que eu conheço e sobre qualquer assunto, bem, como ela gosta de futebol e trabalha como comentarista, então ela escreve também sobre futebol... que é a única coisa que leio a respeito e... respeito!

quarta-feira, junho 21, 2006

Colonialismo não é apoio.

Esta semana eu fiz um trabalho para um grupo juvenil da cidade do Cabo de Santo Agostinho do qual eu gostei bastante, me identifiquei completamente por ele, lembrando inclusive o grupo ao qual eu faço parte, o Canal M, e outros dos quais eu tb já acompanhei ( Movimento Cultural Boca do Lixo, Desabafa Pina, Farinha do Rock e o Êxito d' Rua), devido ao seu caráter de realizar eventos que envolvem postura e posicionamento político e arte, sobretudo música de gueto, de periferia e de participação juvenil.
Este grupo na cidade do Cabo relatou para mim todo o seu histórico e todas as suas possíveis ações até agora em mente.
O nome do grupo é Associação Oficina, ao menos é assim que ele é conhecido. O Oficina desenvolve várias ações nas comunidades de Ponte dos Carvalhos e de Pontezinha sempre na idéia de mobilizar a juventude, sensibilizar a população, oferecer alternativa de entretenimento na linha do faça você mesmo. E é aí que eu percebo que as políticas públicas as vezes tira a graça da coisa: a graça pelo fazer. A maioria de inicitivas como estas são cooptadas por secretarias públicas ou ONGs que em suas grandes intenções de potencializar a ação, muitas vezes a descaracteriza e tira o gosto, a paixão, de quem as fazia, conheço muitos projetos e programas que devastaram com todo um público e toda a alegria de uma comunidade por causa de intervenções desrespeitosas que muitas vezes são permitidas pelo discurso de melhoria e de apoio ( que de fato precisam) mas que na hora da execução alteram toda a forma de fazer, trazendo novas tecnologias, novas metodologias, e o pior de tudo: novos atores que não vivenciaram anteriormente a forma como se fazia a coisa antigamente. Gente com outro acúmulo, outra experiência que não está sendo solicitada. E isto para mim é um processo colonialismo.
Mas torço para o grupo e suas ações, torço que esles sejam sempre responsáveis e que saibam dialogar todo e qualquer apoio, para não perderem a característica de seu trabalho. Até agora, o apoio mais expressivo que tiveram (através de uma ONG chamada Plan International Brasil) foi para a aquisição de equipamentos, pois muitas vezes tinham que pagar aluguel para poderem realizar as atividades, os eventos. A ONG não colocou nenhuma condição de interferência dos processos de execução da Associação Oficina, isto para mim é um grande exemplo de respeito e de fato de uma açõ social digna, oferecendo subsídios que beneficiarão toda uma comunidade da forma como ela entende, aceita e quer.

Abaixo coloco mais informações sobre a Oficina:

A Associação do Núcleo de Cultura Independente - Oficina foi fundada em 13 de janeiro de 2006 a partir de um movimento de músicos, grafiteiros, escritores, artesãos e capoeiristas, em Pontes dos Carvalhos, bairro do município de Cabo de Santo Agostinho. Este movimento teve início na segunda metade da décadad de 90 onde aliando entretenimento e informação para a comunidade realizando vários eventos.
A motivação inicial do movimento deu-se através da própria necessidade desses artistas de exposição e reconhecimento de seus trabalhos.Uma das mais representativas ações deste movimento foi apropriação de uma velha oficina mecânica , existente na BR 101 que passou a ser o principal local de articulação e realização dos eventos.Além deste local, as atividades também eram realizadas m praças, clubes, ruas ou qualquer lugar público,evidenciando nessas ações, o caráter social tais como, campanhas de saúde preventivas, de combate ás drogas, proteção ao meio-ambiente entre outras.Nesta oficina mecânica fora realizado o Primeiro Festival Oficina do Rock.Este evento através da cooperação entre seus diversos participantes na aquisição dos equipamentos.Desta forma, todos eram artistas e ao mesmo tempo produtores do evento.
Além de eventos de entretenimentos, o movimento realiza ações como oficinas, palestras, debates e cursos.
A partir deste ano a idéia é potencializar os eventos utilizando recursos técnicos próprios adquiridos a partir de apoios e parcerias. Entretanto apenas uma parceria fora efetivada com uma Organização Não-Governamental a Plan International Brasil,proporcionando a ampliação de ações a serem desenvolvidas.
Atualmente, a Associação concentra a maior parte de suas ações no Centro Jovem com o objetivo de fortalecer a participação juvenil neste, responsabilizando-se inclusive pela utilização dos equipamentos existentes no local.
A Associação do Núcleo de Cultura Independente Oficina tem como dever desenvolver e promover em parceria com a Plan projetos e eventos programados até 2008, na qual a Associação do Núcleo de Cultura Independente - Oficina dará suporte técnico através de produção e divulgação dos eventos, sejam eles científicos, culturais ou sociais.


Objetivos da Associação

· Proporcionar espaços alternativos aos artistas locais;
· Dar visibilidade aos artistas ;
· Oferecer lazer entretenimento à comunidade;
· Sensibilizar a juventude ara o engajamento social;
· Mobilizar a comunidade em torno das campanhas já realizadas pelo poder público local e ongs;
· Organizar e estruturar o próprio movimento;
· Elevar a auto-estima tanto dos participantes do movimento quanto da comunidade;
· Desenvolver a sensibilidade e as habilidades artísticas;
· Promover a inclusão social, minimizando os índices de criminalidade.