sábado, abril 08, 2006

Poemas de Q? (seção II)

Esta é a nossa segunda seção de poemas de Q?. Leiam e comentem!


Aqui faz calor
E o suor me deixa ensopado
E preocupado:
- E os guardanapos?

Saio enrolado em guardanapos
Chove aqui fora
Estou molhado e preocupado:
- E os guardanapos?
guardanapos



Um novo papel é entregue pra mim
Não sei se é este que eu quero
Nem tudo que existe é adaptável
Meu coração bate forte e sabe o que espero

Mas um alguém não me procura,
Mais um alguém não me reconhece
Procuro aos ventos, às estradas
Aos sonhos e modelos predeterminados
Tentativas e respostas
Querendo sempre estar a algum lado

Além deste, o lado do nada
Além deste, o lado do acaso

Ao lado do mote da impossibilidade
Esta é mais uma chance que eu tenho
Meu momento é a não oportunidade
Ou nunca existiu o meu momento.
I Ching, o hoje e o amanhã.



Têm algo que eu nunca fui e dizem que sou!
Que vou deixar de ser quando eu crescer!
Não suporto mais que falem de mim!

Bah!
Estes teóricos...
jovem



Bem
que as vezes tudo é simples,
é comum.
Mas, no entanto, temos tempo ainda
para concretizar o que queremos.
Sim, e tudo bem,
não é necessário promessas ou pactos.
Sentimento.
Não aquele que empurramos
contra nós mesmos.
O poder,
paradoxalmente,
nunca está com quem o tem.
“lobby” ou “na história do endless love entre os parlamentares e os movimentos sociais os ursos são os candidatos políticos e as ong’s”


Algo passou por mim
Não vi, não vi
Algo passou tinindo rasgando ferindo
Não sei dizer o que era
Mas, tenho certeza, era lindo vexante cheio de brilho extasiante afinal
Caso tinha destino, desconheço
De onde surgiu, também não sei
Pra quê e por quê e passou assim tão sagaz, quem sabe?
Hoje desconfio que errei
Talvez seja este o meu saldo
Mas qual erro fora o meu?
Terá sido ignorância? Terá sido minha permissividade?
Não sei, não sei
Talvez sentir e questionar
Quem sabe amar?
não existe amor no mês de agosto



Iniciando a décima quarta hora do dia
Levantam das mesas as minuciosas senhoritas
A sentirem-se úteis tomam seus afazeres
É hora então de acender a luz do palco
Já iluminado pelo sol.

As estrelas quando nuas brilham em companhia de alguém
Só os seus acompanhantes sentem tal irradiação
Isto é dor que não move lágrima que não cai
Desistir de tudo é o que pode nos parecer saudável
A mão de Deus é a Loteria Federal
E só um milagre para fazer ganhadora
A menina que não vê a rua
(A mulher lotericamente virgem).
Nossa Senhora Gata Borralheira



Os demônios que me aparecem á noite
Não me surpreendem
Chegamos até a trocarmos figurinhas
Daquelas que são brindes de goma de mascar

Os túmulos servem-me como colchões...
Como é bom o clima tropical desta cidade!

Os piores vampiros na verdade são os diurnos.
Na Evolução da Espécie não existe estabilidade no emprego.
Nada mais me assusta.
O sangue sai até vaporizado pelos poros...
O resto é fome.
os demônios que me aparecem à noite



Depois de uma longa e quente manhã
Onde se pode viver no mundo da casa para varrer
(Roupas e louças para lavar).
Corre-se tentando encontrar o vazio prazeroso
Numa caça de deglutição instantânea e banho hipócrita

Chove.
Existem armaduras para nos proteger.

Atravessando um parque na hora do flerte vejo
Belas e recatadas garotas com suas franjas tranças e calças jeans rasgadas aos joelhos com um certo ar de aceitação da loucura
Tipas bem comportadas, incluindo os goles de vinho com autorização paternal.

O reino da contravenção é uma farsa
E esta tarde curta e fria.
o fudido do Parque 13 de Maio


Depressão nunca foi consolo
Insatisfação não é ainda desesperança
As agonias não são apenas neuroses.
Amor não tem nada a ver com admiração.
Anarquismo nunca foi justificativa
Uma andorinha só não é inverno
Carnaval solução? Não!
Meia mentira nunca meia verdade.
Presságios são incertezas
E certeza não é certeza absoluta.
Mais de 100% menos, pra mim, nunca existiu.
O nada não faz correspondência biunívoca com o tudo
Os erros não são necessariamente absurdos
Os seres humanos, humanos são.
Também é humano errar
Humanismo é tentar acertar.
para Mateus e Michela poderem amar



Seis da noite livram-se de suas fardas
Saem do trabalho e vão para os seus leitos
De ônibus ou metrô o fardo é o mesmo.

Seguindo sempre em frente temos aonde ir.

Exigem de si compensação pelos seus esforços
Realizam em mensais momentos o tal despertar libidinoso
São seres promíscuos adquirindo provisórios destinos.

Seguindo somente em frente não temos aonde ir.

Meia-noite, eles chegam em seus lares.
Exalando estranhos ares são tormentos fidelidade
Nem a doce embriaguez rouba o sabor de enxofre de suas esposas.

Seguindo os exemplos determinamos nossos destinos.
paternal

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