Sobre destinos - parte III

Esta noite eu tive um sonho.

Sonhei que ia visitar meu sobrinho Victor em Barra Funda. Era lá que ele estava morando. Ele em São Paulo estava exercendo a função de DJ, morava com uma amiga, numa casa simples e confortável,... eu nunca pensei que um dia ele viesse a trabalhar com música!!! Pensei que ele seria atleta, pois foi o que ele sempre sonhou toda sua infância e início de adolescência. Mas futuro é assim mesmo cheio de surpresas, o que podemos garantir é qual caminho vamos percorrer, mas não podemos escolher se iremos ou não ter dificuldades ao caminhar e se chegaremos ao final.

Nunca sabemos se no futuro vamos ser de fato um DJ, um aviador, militar, professor, jogador de futebol. Mas saberemos sim se vamos seguir uma boa coisa para a gente ser. Sabemos isso sempre também de quem de fato amamos, pois amar é proteger o outro, é guiar... é influenciar para que as coisas sejam positivas, é preocuparmo-nos ao ponto de só deixar o outro seguir sozinho quando ele já estiver "acertando o passo".
E era assim que fazíamos com Victor, amando como se ama o irmão, sobrinho, primo, filho, neto, amigo... e sabíamos que um dia ele estaria honestamente vivendo, alegremente compartilhando seus saberes com seus filhos, batalhando cheio de esperança sempre uma atividade que pudesse lhe deixar bem socialmente; por mais humilde que fosse sua vida, por mais dificuldades que enfrentasse pela frente. Talvez ninguém largasse a sua mão de tanto amor que gostaríamos de lhe dar!

Mas nas curvas do caminho da vida ele foi pego de surpresa por uma dificuldade que interrompeu o início das descobertas para o mundo adulto.

Uma bala de revolver atirada covardamente, sem menor sinal de defesa de sua vítima, matou a esperança muito boa digna de quem ama, matou toda uma expectativa de quem investia no futuro de Victor, matou a alegria de vê-lo conquistando seu espaço, de ir vencendo as batalhas, de ir descobrindo pouco a pouco o que a vida tinha a oferecer, matou a possibilidade de meu sobrinho tentar um vestibular, tentar uma atividade que lhe viesse a gerar renda, de namorar, de arrumar seu quarto, de divertir-se com seus amigos... matou a possibilidade de alguém viver ao menos sua juventude que estava apenas começando.

Um tiro de alguém que não acredita no amor, não acredita em um bom futuro e que não liga se vai ter ou não isto para si e por isso mesmo não liga se o outro também terá.

Este tiro matou a possibilidade de meu sonho, que tive esta noite, tornar-se realidade.

Quero apenas que o culpado seja preso, que ele cumpra a pena que a justiça humana possui para ele. Desejo isso por amor, por amor a outras pessoas que também existe no mundo e que não merece (e que ninguém deva merecer!) ter em sua frente alguém que desumanamente lhe tire a escolha de um dia caminhar sozinho, de sonhar e tentar realizar seus sonhos.