segunda-feira, abril 03, 2006

Poemas de Q? ( seção I )

Abaixo vão alguns poemas do Q? Observe que os títulos aparecem embaixo, característica que o autor insiste em manter. Alguns desses poemas acabaram virando canções de algumas bandas de rock bem obscuras da cidade do Recife(Pernambuco-Brasil): Garapa Nervosa e Alice Quer Ser Punk.


Pingos em pingos
Lágrimas são exercícios
Cachoeiras alternativas
Mar resolução.
"concordâncias"



Luz
Que reluz
Oprime no fim

Brinca de vaga-lume
Depois de abajur...
Eis então refletor!

A luz
De cada idéia que tenho
Cega-me.

Até não mais enxergar.
"dark"



Resquício eu não sou mais e queria
Mesmo de fato sem conseguir esquecer-me

Pago e nem sei porque devo
Acreditar que em algum dia poderei realizar
Qualquer coisa que sonhei ou que tenha algum valor viver
Já que acariciei tantas dividas

Mas ainda há o assassino. Solto. Livre.
Que fez minha vida passar a não ser mais nenhum sentido
O Monstro do Mangue matou a nós todos.
Sedutor.
Deliciosamente úmido.
Ingenuamente travestido de esperança.

Resisto como o Resto de Nada
Igual cadáver fruto desse homicídio culposo

Existo no asfalto
Eu a respirar sufocado.
Fiz-me de morto e não de vítima
Debato-me diante de diplomas engavetados e 29 anos deglutidos
De cara
" ...e a seco"




Não sei o que aprender
O inconsciente reclama
É minha a dor que se foi
E fiquei tão só

Não sei como entender.
Palavras que já sei escrever.
Não sei como aprender
Ou tentar esquecer.

Dos meus dois anos de idade
Não me lembro de meus abusos.
Minhas atitudes foram incertas
Quando eu tinha apenas quinze.
E agora, com um pouco mais de vinte,
Me perco entre os inimigos.

Todas as escolas faliram!
Minhas faculdades falharam!
Meu desenvolvimento infantil
Foi prematuro e doentio.
E conheci muitos outros normais
Nas escolas de excepcionais...
"educação"



No mundo eletrônico – insípido lar –
As teclas servem-me de proteção
Contra algo que eu percebo “na real”
O quanto possa me fazer bem
E muito bem
Mas para quê se nada quero sentir?

As ruas me guiam anonimamente
Somos todos deuses, ninguém criação
Se os carros são lentos pra que insistir?
É o poder que explica cada existência
Nada justifica
E só é feliz quem já conhece a dor?
"e-mund’urbano"



Passam-se os anos e o monstro continua solto
Sua provável imortalidade está na sua característica de ser mutante
Desisto, não vou esconder-me do monstro,
não vou também brigar contra ele
Arriscar-me.
Adeus.
"educação – terceira parte"



Acaso,
se existires se apresente a mim, por favor,
E responda-me: por que estás sempre tão presente em minha vida
e mesmo assim desconfio estares morta e eu também?
"há casos..."



Não retiro mais nada do que falo ou faço,
só acrescento.

Se todo dia é sempre assim um cotidiano:
o dia de amanhã deixa então que eu mesmo invento.

De minha casa sou um inquilino
que nego pagar o aluguel a mim mesmo
e que além de morar só insisto em bater palmas,
tocar a campainha
e mesmo assim não atendo.

Não me venha com lamúrias,
pois não te revelarei como ser infeliz mais uma vez.
Quero-te minha mesmo sendo da vizinha.
Pois só sossego quando tomo chá que tem veneno.

Não sei se é cedo para acabar,
mas tá muito tarde pra começar.
Estrago prazeres
sem a menor pretensão de ser um irmão.
Mas se duvidas:
ficas aí que depois te digo quando sair.
Sou isso
ou sou assim.
"protagonizando"



Em quase trinta e sete segundos
Cuspi sobre a cabeça de uma formiga veloz.

Em quase exato momento
Houvera uma provável sacanagem.

Então grande descoberta:
Pensava metodicamente igual psicopata.

Nossos juízos não andam bem
E as incompreensões estão harmonizadas.
"acocorados no jardim e cabisbaixos"




Pausa
Não para descansar
E corre-se na veia quase tudo ao entardecer
Sinto que algo não é para nos transformar
Sabes? “Quase andavas na conta” disseste
Quem não quer desculpas não quer atenção.
Retiras algo de mim que já não me pertencia.
Forço a décadas quase me diz horas.
Acertas
Teu corpo é entregue ao pote como uma dádiva
E cheiro o perfume detectável e deglutível:
Bananas...
"alvo como o alvo"

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